O caminho para a inclusão financeira

Desenvolvimento econômico e social e gestão democrática são benefícios do segmento

Hoje, 21 de outubro, é comemorado em todo o mundo o Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC). A celebração ocorre sempre na terceira quinta-feira do mês de outubro, desde 1948, e o tema deste ano, escolhido pelo Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito, é “Construindo saúde financeira para um futuro melhor”. No Brasil, o mote da celebração faz jus à importância das cooperativas de crédito, cuja participação, segundo dados do Banco Central, na vida dos brasileiros já alcança 4,9%, sendo que, em quatro anos, o número de associados aumentou de 10,9 milhões para 11,9 milhões, dos quais 10,2 milhões são de Pessoas Físicas e 1,7 milhão de Pessoas Jurídicas. São, no total, 826 instituições que geram mais de 79 mil empregos diretos.
Esse desempenho é explicado pelos benefícios e diferenciais das cooperativas de crédito. Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), esclarece que “o resultado anual das cooperativas é chamado de sobras. Diferentemente do lucro das sociedades anônimas, que é destinado aos acionistas, como nas cooperativas o associado é o dono, as sobras a ele se destinam, sendo rateadas na proporção de suas operações com a cooperativa. As sobras retornam ao associado, podendo ser em espécie, via crédito em conta; por meio de subscrição de novas cotas, aumentando seu capital ou aumentando o fundo de reserva, fortalecendo a cooperativa e propiciando oferecer crédito a taxas mais favorecidas”.

Contribuições

Outro destaque, de acordo com Álvaro Jabur, presidente da Uniprime do Brasil, é que os associados têm acesso a produtos e serviços direcionados às suas necessidades com preços e taxas diferenciadas. “Na cooperativa o associado tem linhas de crédito, produtos de investimentos, aplicativos, seguros e cartões de crédito criados especificamente para ele e com condições de negócios vantajosas”, esclarece. Já na Uniprime, segundo seu presidente, entre os grandes diferenciais estão o atendimento personalizado, em que o gerente conhece de fato o associado e suas necessidades, e a participação nas sobras.

Dessa forma, “a mutualidade, a solidariedade e a participação nos resultados são os principais benefícios das cooperativas de créditos” na visão do presidente da Cooperforte – Cooperativa de Crédito de Funcionários das Instituições Financeiras Federais, Estaduais e Servidores Federais e Estaduais/Distritais, Edson Monteiro. O executivo destaca ainda o princípio da gestão democrática, estimulada pelo cooperativismo, em que o associado é um dono e tem voz e voto, interferindo e influenciando no destino das cooperativas por meio da participação nos pleitos internos. “A Cooperforte tem DNA bancário, pois foi fundada pela comunidade bancária, e oferece crédito em condições mais favorecidas, sem a finalidade do lucro em si, mas sim de atender à mutualidade. Também oferta seguro prestamista, para garantir o pagamento da dívida em um eventual óbito do mutuário. No início deste ano, abrimos ainda nossos serviços para os servidores públicos federais e estaduais, além de estarmos estruturando a oferta de produtos de seguro, consórcios e cartões em 2022”, adianta Monteiro.

Contribuição com as localidades

As cooperativas de crédito favorecem o desenvolvimento das comunidades de sua área de atuação não apenas pela capilaridade, mas também pela movimentação da economia, via concessão de crédito e acesso a soluções financeiras, com oportunidades de ampliação do consumo e melhoria de renda. O papel se torna ainda mais relevante em cidades que não possuem agências bancárias – nos últimos cinco anos, foram fechados em todo o Brasil 3.863 agências bancárias e 87 postos de atendimento bancário. Por outro lado, foram abertos 1.899 pontos de atendimento de cooperativas, dos quais 332 em 284 municípios onde não havia presença de cooperativa de crédito, e 31 em 30 cidades que não possuíam presença de cooperativas e perderam unidades de atendimento bancário. Nesse cenário, em 256 cidades brasileiras as cooperativas de crédito são a única instituição financeira presente. Já em 474 municípios existem cooperativas e pontos de atendimento avançados de bancos (com atendimento restrito).
O estudo “Benefícios econômicos do cooperativismo de crédito na economia brasileira”, divulgado no início de 2020 e realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), também constata a contribuição das cooperativas. De acordo com a pesquisa, cidades brasileiras com presença de cooperativas de crédito possuem incremento no Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 5,6%, com a criação de 6,2% a mais de empregos e aumento de 15,7% no número de estabelecimentos comerciais.
O estudo revela ainda que cada R$ 1,00 concedido em crédito pelas cooperativas gera R$ 2,45 no PIB da economia.


Mais competitividade

As cooperativas de crédito estimulam a inclusão financeira e contribuem para o aumento da competividade no Sistema Financeiro Nacional (SFN). Em dezembro de 2020, o Sistema Nacional de Cooperativismo de Crédito (SNCC) era composto por 847 cooperativas singulares de crédito, das quais 222 independentes e 625 filiadas a uma das cinco cooperativas centrais independentes (Ailos, Cecoop, Credisis, Uniprime e Cecrers) ou a uma das 29 centrais vinculadas a uma das quatro confederações de centrais existentes (Sicredi, Sicoob, Unicred e Cresol). Ainda, em 2020, de acordo com o Banco Central, os ativos totais do SNCC atingiram R$ 371,8 bilhões – crescimento 10,3 vezes superior ao conjunto dos demais segmentos de instituições financeiras no Brasil (35,8% ao ano no SNCC e 25,5% no SFN). Segundo dados divulgados pela OCB, as operações de crédito líquidas de provisão, ativo de maior relevância no SNCC, alcançaram R$ 213,2 bilhões. O estoque de captações também aumentou a taxas maiores que o SFN, totalizando R$ 290,1 bilhões (42,4% ao ano no SNCC e 25,7% no SFN). O SNCC se manteve, assim, como o segmento do SFN com maior expansão de crédito.


Contribuição

Tecnologia impulsiona relacionamento

Por meio de sites e aplicativos, cooperativas ofertam serviços e conceitos de educação financeira

Com benefícios para os associados e a sociedade em geral, o uso de canais digitais têm se intensificado nas cooperativas de crédito. A Cooperforte – Cooperativa de Crédito de Funcionários das Instituições Financeiras Federais, Estaduais e Servidores Federais e Estaduais/Distritais é um destaque, pois já nasceu virtual, há 37 anos, como esclarece seu diretor-presidente, Edson Monteiro, segundo o qual a inovação é um core da cooperativa. “Nascemos na época do fax e fomos a primeira empresa brasileira a fazer empréstimos por fax, evoluindo depois para o telefone. E no início dos anos de 2010 partimos para a digitalização – hoje temos sede em Brasília e atendemos todo o país por canais digitais, consolidando a tese de que nascemos virtuais, em uma época em que os bancos só realizavam atendimento físico. Atendemos todos os nossos associados por meio digital e mantemos uma central telefônica para contato com os que ainda resistem ao mundo virtual”, afirma Monteiro. A Cooperforte, assim, é uma associação 100% digital e que mantém um aplicativo (app) para comunicação com os associados e a sociedade em geral. A novidade, em 2021, foi que a cooperativa passou a disponibilizar, na área pública de seu app, conceitos sobre a cultura cooperativista e educação financeira, com vistas a difundir conhecimento de uma maneira didática e objetiva. A cooperativa mantém ainda um instituto, por meio do qual apoia projetos para a preparação de jovens e Pessoas com Deficiência (PcD) para o mercado de mercado e promove curso de educação financeira para pessoas da sociedade. “Também pretendemos desenvolver um programa de ações solidarias de combate à fome e preparação e recursos para a educação”, adianta Monteiro.
A Uniprime do Brasil também tem dedicado esforços para ampliar sua rede de atendimento e seu portfólio de produtos e serviços por meio dos canais digitais, com o intuito de oferecer cada vez mais tecnologia e conforto aos associados que atualmente contam com o aplicativo Uniprime Mobile Banking e o Internet Banking. “As transações pelo Mobile Banking representam mais de 80% do total das operações efetuadas na cooperativa, o que corresponde a quase 1 milhão de acessos mensais para a realização de consultas, pagamentos, investimentos, transferências, contratações de crédito e gestão do cartão de crédito. A Uniprime do Brasil também está inserida no contexto das mais recentes inovações do mercado financeiro, como o Pix e o Open Banking, para que seus associados tenham acesso a todas as vantagens e facilidades dessas tecnologias”, esclarece Álvaro Jabur, presidente da cooperativa.


A inovação é ainda meio para ações de educação financeira na Uniprime do Brasil que, além de publicar semanalmente artigos redigidos por profissionais com certificação CFP em seu site institucional, lançou recentemente, na plataforma Spotify, o podcast falaReal – uma extensão dos conteúdos disponibilizados nos artigos, mas em formato de áudio. São realizadas ainda palestras para colaboradores, cooperados e parceiros e disponibilizados, também no site da Uniprime, as cotações dos principais índices de mercado (com atualização diária) e um teste de Perfil do Investidor.
O Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil (Sicoob) também apostou em canais digitais, com excelente desempenho. Ancorado no mote “Nossa cooperação também é digital”, o Sicoob oferece o app Sicoob, para gerenciamento da vida financeira sem precisar sair de casa; o app Sicoobcard, para controle das compras e acompanhamento de faturas a qualquer momento; o app Sicoob Moob, para associados ficarem bem-informados sobre tudo o que acontece em suas respectivas cooperativas; e o app Sipag, para administração de vendas e visualização de rendimentos direto do aparelho celular.


FGCoop é instrumento de proteção



Vigente desde 2014, o Plano Nacional de Educação (PNE) é uma lei que estabelece 20 metas para a Educação Brasileira a serem alcançadas até 2024, contemplando ações relacionadas a todos os níveis, modalidades e etapas educacionais, da educação infantil à pós-graduação, além de estabelecer diretrizes para a profissão docente, a implantação da gestão democrática e o financiamento do ensino.
A lei é acompanhada permanentemente pelo Observatório do Plano Nacional de Educação (OPNE), iniciativa coordenada pela Todos Pela Educação em parceria com 28 outras organizações, voltadas a contribuir para que o PNE siga como uma agenda norteadora das políticas educacionais. No website de monitoramento do PNE, para mais transparência aos dados da educação brasileira e para que o plano siga como uma agenda norteadora de políticas educacionais –, todos os interessados podem acessar os resultados parciais relacionados a cada um dos objetivos atrelados às metas, computados a partir de dados públicos.


Diferenciais

Presença crescente no mercado financeiro

Estratégia das cooperativas de crédito passa por estreitar proximidade com cooperados e aumentar a base de participantes

O cooperativismo de crédito já representa quase 11% do estoque de empréstimos e financiamentos do Brasil no primeiro semestre de 2021. Há cinco anos, essa fatia era de 6,64%, crescendo, a cada ano, ininterruptamente. E embora a tecnologia seja fonte de investimento, como nas fintechs e nos bancos, que também concentram esforços no atendimento digital, a estratégia das cooperativas inclui o aumento de sua base, para estreitar a proximidade dos cooperados. O Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), por exemplo, já conta com 3.563 agências, ficando na frente de bancos como Caixa Econômica Federal (3.374 agências), Bradesco (3.276) e Itaú (2.907).

Com essa capilaridade e pelas regras de funcionamento do setor, as cooperativas de crédito estão aptas a atender classes profissionais diversas. Isso porque, até os anos 2000, as cooperativas eram classificadas a partir da restrição do ingresso do sócio – havia, por exemplo, cooperativas de crédito rural e crédito mútuo; já em 2003, a partir de alterações regulatórias, ocorreu uma flexibilização na associação de pessoas (inicialmente com vínculos geográficos), sendo a classificação, com a Resolução nº 4.434/2015, conforme o nível de risco das operações e definida em plena, clássica e capital e empréstimo.
Essa abrangência aumentou ainda mais a contribuição das cooperativas – estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), órgão de apoio institucional ao Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, evidencia que o cooperativismo de crédito incrementa o PIB per capita dos municípios em 5,60%, cria 6,20% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7, estimulando o empreendedorismo local. Os resultados foram obtidos a partir do cruzamento entre dados de todas as cidades brasileiras – com e sem cooperativa de crédito, entre 1994 e 2017 – e informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Destaque em pesquisas

Entre os dias 28 e 30 de novembro será realizada, em Seul, na Coreia do Sul, a Conferência Mundial de Pesquisa em Cooperativismo. O evento está sendo organizado pelo Comitê de Pesquisa em Cooperativismo da Aliança Cooperativa Internacional, instância composta por pesquisadores de 30 países e responsável pela cooperação com o setor acadêmico.
Um dos destaques neste ano está na contribuição do país com pesquisas sobre o segmento. Dos 181 artigos a serem apresentados durante a conferência, 19 são de autoria de brasileiros. Trata-se da maior participação do Brasil já registrada em todas as edições do evento.


Tradição

História de amadurecimento

Um dos modelos de instituição financeira mais antigos do Brasil também é um dos que mais cresce

Cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, constituídas para prestar serviços aos associados. No segmento de créditos, essas organizações são instituições financeiras, cuja atuação consiste em prestação de serviços financeiros, como concessão de crédito, captação de depósitos à vista e a prazo, cheques, prestação de serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros sob convênio com instituições financeiras públicas e privadas e de correspondente no país, entre outras operações e atribuições estabelecidas na legislação em vigor. As cooperativas de crédito são autorizadas e supervisionadas pelo Banco Central.
A história do cooperativismo de crédito no Brasil remonta a 1902, no Rio Grande do Sul, onde foi criada, no distrito de Nova Petrópolis (RS), a primeira Cooperativa de Crédito da América Latina, a Sicredi Pioneira RS. A inovação foi inspirada em modelo de Friedrich Wilhelm Raiffeisen, experimentado pelos alemães desde 1818.
Muito popular em pequenas comunidades rurais, o modelo admitia que qualquer participante depositasse suas economias. Com as sobras eventualmente apuradas, criavam-se reservas para enfrentar, com mais segurança, momentos de incerteza. Assim, os cooperados são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços.
Como resposta aos diversos aperfeiçoamentos regulamentares ao longo dos anos, o cooperativismo de crédito no Brasil vem percorrendo trajetória de franca expansão, sem deixar de lado aspectos prudenciais e de segurança, bem como princípios próprios do cooperativismo.

Panorama

Atualmente, os depósitos em cooperativas de crédito têm a proteção do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), que assegura os depósitos e os créditos mantidos nas cooperativas singulares de crédito e nos bancos cooperativos em caso de intervenção ou liquidação extrajudicial dessas instituições. Atualmente, o valor limite dessa proteção é o mesmo em vigor para os depositantes dos bancos.
De acordo com a versão mais recente do “Panorama do sistema nacional de crédito cooperativo Data-base: dezembro/ 2020”, divulgado pelo Banco Central, a quantidade total de cooperados chegou a 11,9 milhões em dezembro de 2020, crescendo cada vez mais a representatividade de associados Pessoa Jurídica. O percentual da população associada a cooperativas de crédito aumentou em todas as regiões, alcançando 4,9% na média nacional. Já os ativos totais do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) somaram R$ 371,8 bilhões no mesmo período; e as operações de crédito líquidas de provisão alcançaram R$ 213,2 bilhões.
Os dados evidenciam que o SNCC se manteve como o segmento do Sistema Financeiro Nacional com maior expansão de crédito, tendo atuação relevante no combate aos efeitos da pandemia da Covid-19, sobretudo nos municípios do interior do país, onde a atuação do cooperativismo é mais marcante que a dos bancos.




Nos últimos cinco anos, ainda segundo o estudo publicado pelo Banco Central e denominado “Panorama do sistema nacional de crédito cooperativo Data-base: dezembro/2020” (a íntegra pode ser conferida neste link), ocorreram 190 processos de união entre cooperativas de crédito, o que corresponde a uma média de 38 por ano. De acordo com a pesquisa, esses processos de incorporação são relevantes, pois trazem “expectativas de ganhos de eficiência para a entidade resultante, melhor atendimento de demandas dos associados com aumento do escopo de produtos e serviços e ganho de escala. Com isso, os efeitos positivos tendem a ser passíveis de observação ao longo dos anos seguintes, seja por meio de benefícios nos serviços aos associados das cooperativas de crédito envolvidas no processo e às comunidades locais, de maior racionalização de custos operacionais da cooperativa e/ou de incentivos no crescimento de associados”. Além disso, as incorporações se mostraram positivas para o ritmo de crescimento do quadro de associados das cooperativas, acima da média do SNCC.

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