*Conteúdo produzido pela Point e publicado no jornal Folha de S.Paulo em 05/03/2025

Quarta-Feira, 05 de março de 2025

Fazer mais e melhor, com menos

Otimizar o uso dos recursos é necessário para o bem-estar, para o crescimento econômico e para a proteção do meio ambiente

 

Quarta-Feira, 05 de março de 2025


No início de 2025, sob fortes ondas de calor, o Brasil registrou sucessivos recordes no consumo de energia elétrica, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS). Os eventos se explicam pelo fato de a elevação das temperaturas, decorrente das mudanças climáticas – causadas, sobretudo, pelas emissões e concentração de gases do efeito estufa na atmosfera –, levar, por exemplo, à intensificação no uso de aparelhos como os de ar-condicionado e ventiladores. Mas, serviram também para reavivar dúvidas quanto à capacidade de o país garantir suprimento, de forma estável e em quantidades suficientes, para atender às crescentes demandas, e para reforçar a necessidade de intensificar debates e ações relativas à eficiência energética (EE).

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) refere-se à EE como “primeiro combustível” global, em virtude de ela representar uma das mais rápidas e financeiramente viáveis opções para reduzir as liberações de gases poluentes, mas também ser propulsora de um desenvolvimento mais sustentável, ou seja, impactar positivamente, de diversas maneiras, economias e sociedades em todo e qualquer local do planeta. “A melhor energia é aquela que não é gasta, literalmente. Então, a eficientização, com substituições de equipamentos classificados como pouco eficientes, por exemplo, é uma atividade para a qual todos devem olhar com carinho. É preciso pensar, também, sobre a importância da utilização de fontes renováveis, porque há momentos, no Brasil, em que ainda é preciso recorrermos a alternativas fósseis. Existe a necessidade genuína de a gente ter eficiência energética como grande motor para um mundo mais sustentável”, descreve Walter Barbosa Júnior, gerente de EE da CPFL, companhia que atua em geração, transmissão, distribuição, comercialização e prestação de serviços no setor elétrico.

“A adoção de soluções mais eficientes reduz o custo da eletricidade para indústrias e consumidores finais. Para organizações, isso representa aumento de produtividade e permite investirem em inovação e expansão. Além disso, a EE incentiva a criação de empregos no setor de energia sustentável e diminui a necessidade de novas usinas termelétricas, com consequente queda nas emissões de CO2 e mitigação de impactos ambientais. Ela melhora a segurança energética do país, tornando-o menos vulnerável a crises energéticas. Para a população, a Eficiência Energética se traduz, além de em contas de luz mais baratas, em melhores conforto térmico e iluminação, e acesso a tecnologias mais modernas e acessíveis”, detalha Bruno Herbert, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) – leia mais sobre os impactos positivos da eficiência energética à página 2.

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COLETIVO

A amplitude do tema deixa evidente que ele está longe de ser restrito às engenharias ou afins, e exige esforços coordenados de diferentes segmentos, como governos, organizações sociais e/ou privadas e consumidores finais. De acordo com a IEA, o engajamento e as ações relativas a EE precisam ser significativamente acelerados para que se cumpra o compromisso de dobrar a taxa de melhorias na eficiência até 2030 - ou seja, aumentá-la de 2% em 2022 para 4%. Essa meta foi assumida por quase 200 países durante a 28ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), em 2023. Em seu relatório Energy Efficiency 2024, lançado em novembro último, a entidade estimou que a intensidade energética primária global – uma medida de eficiência – avançará apenas 1% em 2024, taxa insuficiente e inferior às computadas, na média, entre 2010 e 2019. Além disso, calculou que, para o atingimento da meta de EE até 2030, é preciso ampliação substancial no nível e no ritmo de investimentos – mesmo que o montante esteja a caminho de um recorde de US$ 660 bilhões.

Fatih Birol, diretor executivo da IEA declarou que, felizmente, políticas e tecnologias para acelerar o progresso da eficiência estão prontamente disponíveis. “O que esperamos ver agora são respostas políticas mais rápidas e fortes em todo o mundo”, sentenciou. Para aumentar a visibilidade da EE e apoiar avanços em direção à meta de duplicação, a Agência lançou um novo Rastreador de Progresso, que fornece insights detalhados e indicadores regionais atualizados sobre intensidade, demanda e níveis de eletrificação. O fornecimento de dados relativos às diferentes nações ajuda a dar conta de suas idiossincrasias.

No Brasil, por exemplo, a transição para fontes geradoras menos poluentes não é necessariamente o aspecto mais urgente a ser tratado, apesar de existirem possibilidades para avanços. Isso em razão de a matriz energética nacional ser “limpa”, especialmente se comparada às de outras nações. Marcelo Mendes, diretor geral da KRJ, empresa que atua na área de conectores elétricos, lembra, por exemplo, do expressivo crescimento da geração de energia solar no país. “O Brasil segue líder no mercado do segmento na América Latina, com estimativa de se tornar um dos principais players globais nos próximos anos, e deve superar 54 gigawatts (GW) de capacidade solar total até 2026”, comenta.

Marcelo Palavani, diretor da divisão de Motion da ABB, líder global em motores e inversores de frequência, defende a necessidade de haver, no país, um “chamado à ação” no que tange à eficiência energética com, entre outras medidas, a substituição de meios de produção obsoletos e gastadores por outros, de melhor desempenho. “Entendo que empresas, poder público, entre outros, temos que aumentar o desafio e as práticas em EE. Companhias originadoras de tecnologias eficientes, como é o caso da ABB, precisam colocar o tema em mais evidência. Na Europa, a preocupação com o emprego de equipamentos eficientes é maior do que no Brasil. E acho que é um momento propício para mudarmos isso. O Brasil pode ser o país mais eficiente do mundo e o mais limpo em termos de utilização de energia, disparadamente. Na parte de geração ele já sobressai. Só que na parte de eficiência energética, ainda não”, avalia o executivo.

Marco Poli, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), lembra que o país apareceu na 19ª posição em um ranking sobre EE, dentre as 25 principais nações consumidoras de energia do mundo - o levantamento considerou 36 métricas atreladas às categorias Edifícios (residenciais e comerciais), Indústrias, Transporte e Esforços Nacionais (políticas e estratégias para todos os setores). Isso denota tanto a necessidade de acelerar progressos nacionalmente, quanto motiva a entidade a colaborar nesse sentido. “Temos investido para ajudar a prover a crescente demanda por energia do país e para melhorar a eficiência energética. Instalações existentes apresentam um grande potencial de modernização, mas também representam um desafio para a promoção das mudanças em razão da dificuldade de programá-las. A prática do ‘retrofit’ tem sido ampliada com a substituição de equipamentos antigos por novos, eficientes, e com atenção a um maior aproveitamento da luz natural quando possível. Já em instalações novas a tarefa é mais fácil, uma vez que são projetadas para serem mais eficientes, utilizando os equipamentos mais modernos”, aponta o dirigente.

Curiosidade: 750 milhões de pessoas ainda vivem sem acesso à eletricidade no mundo. De apenas 1% foi o progresso global em eficiência energética em 2024 medido pela taxa de variação na intensidade energética primária. 10 milhões foi a marca de pessoas empregadas em trabalhos relacionados à eficiência energética alcançada no mundo. 85% do crescimento da demanda adicional por energia elétrica nos próximos três anos virá de economias emergentes e em desenvolvimento

VANTAGENS

Avançar em EE é desafio, mas também oportunidade

Inovação, infraestrutura e conscientização impactam diretamente sobre a gestão e o uso de energia

Os desafios, os propósitos e as possibilidades que os ganhos em eficiência energética trazem são múltiplos. Uma evidência disso reside no fato de a EE estar atrelada diretamente a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), o de número 7, que almeja um planeta com garantia de acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos, mas permear quase todos os outros. Ele atravessa os temas da Saúde e bem-estar (ODS 3), Educação de qualidade (ODS 4), Água potável e saneamento (ODS 6), Indústria, inovação e infraestrutura (ODS 9), Redução de desigualdades (ODS 10), Cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11), Consumo e produção responsáveis (ODS 12) e Ação contra a mudança global do clima (ODS 13). Seja qual for o ODS em questão, o que a eficientização proporcionará, sempre, no mínimo, é a possibilidade de diminuir o consumo de energia sem reduzir a qualidade e/ou a eficiência de processos, serviços e produtos. Nos melhores cenários, ela viabilizará ganhos expressivos em praticamente todas as áreas da atividade humana.

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Karl Burkart e Spencer Scott, ambos vinculados à One Earth, organização focada em enfrentar as crises interconectadas de mudanças climáticas e perda de biodiversidade, indicam, em artigo, a necessidade, para ampliarmos a EE, de haver movimentações tanto do lado de quem oferta a energia, como por parte de quem a consome. Se todos mobilizarem-se, avaliam os autores, em muitos países será possível incrementar padrões de vida com muito menos consumo de material e energia (“a eficiência material é em si uma forma de eficiência energética, pois quase todos os materiais vêm com custos de energia incorporados”, descreveram). Eles indicam ser preciso investir em Eficiência Tecnológica, Eficiência Infraestrutural e Eficiência Comportamental. Com relação à primeira, apontam que o sistema de energia atual é extremamente ineficiente: por exemplo, dois terços da energia do carvão são desperdiçados nas usinas, e quase 80% da gasolina são malgastos quando queimados para impulsionar motores de carros. A eletrificação, ou seja, mudar de itens movidos a combustíveis fósseis para os elétricos, poderá tornar o cenário bastante diferente, já que os segundos são 3 vezes mais eficientes do que os primeiros. Avanços tecnológicos também são animadores para ganhos na eficientização. Prova disso é que painéis solares foram tornados 10 vezes mais eficientes na última década, assim como houve expressivas evoluções no que diz respeito ao armazenamento de energia, importante para que seja possível acessar o recurso proveniente, por exemplo, de fontes como a solar ou a eólica, nos momentos mais oportunos.

No que tange à Eficiência Infraestrutural, Karl e Spencer referem-se ao que classificam como “exemplo mais clássico de arquitetura de escolha”, em que “a forma como as opções são apresentadas às pessoas pode moldar suas decisões relacionadas à energia”. Por exemplo, garantir transporte público de qualidade e alta disponibilidade permite que cidadãos decidam por fazer deslocamentos em veículos eficientes. Essa mesma lógica se aplica dentro de indústrias ou outros negócios, em que, diante de boas alternativas, cresce também a possibilidade de que as de melhor desempenho sejam priorizadas. O que parece ser ponto pacífico é a necessidade existente, para todo e qualquer empreendimento, de reduzir sua demanda de energia para manter-se competitivo, viável e, é claro, social e ambientalmente pertinente e responsável.

SENSIBILIZAÇÃO

Por fim, é preciso, segundo Burkart e Scott, termos mais Eficiência Comportamental incorporada ao cotidiano. Isso significa que, uma vez que tecnologias e infraestruturas otimizadas existem, é preciso que as pessoas optem por adotá-las ou usá-las. Isso passa por realizar campanhas de conscientização, que deixam claros os benefícios da EE para cada indivíduo e para as coletividades e o planeta. Decisões refletidas estimulam pessoas a optarem por usar os mesmos produtos por mais tempo, a evitarem itens de vida curta, a diminuírem o tamanho de casas ou carros e a adotarem hábitos positivos (como de compartilhamentos de veículos para ir ao trabalho ou viajar), etc.

A CPFL desenvolve iniciativas relacionadas a esse pilar educativo no âmbito de seu programa de Eficiência Energética (veja mais à página 8). A companhia leva a estudantes de escolas de ensino fundamental e médio conteúdos e ferramentas que ajudam a conscientizar, educar e reeducar sobre EE. O projeto CPFL nas Escolas inclui a capacitação de professores, que atuam na disseminação dos conhecimentos entre seus alunos, e a elaboração e fornecimento de material didático a ser empregado nas salas de aula.

A companhia também é apoiadora, já de longa data, da Olímpiada Nacional de Eficiência Energética (Aneel), em parceria com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). A competição tem como um de seus objetivos promover o conhecimento científico como ferramenta de transformação e como campo para o desenvolvimento de soluções que estimulem a responsabilidade social e ambiental. A Onee, no último ano, recebeu 263,6 mil inscrições de alunos e alunas do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental de todos os estados do país. Por meio de desafios gamificados, o evento incentivou os estudantes ao uso seguro e eficiente da energia elétrica, além de fortalecer a capacitação dos professores nas competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Recentemente, a CPFL começou um projeto pioneiro de EE dedicado a alunos de graduação, para o qual criou uma metodologia de ensino específica. Assim, em parceria com instituições de ensino superior, a empresa proporciona acesso a uma atividade extracurricular sobre o tema para alunos de engenharia (independente de qual seja ela) que já estejam pelo menos no sétimo semestre. Além de aprofundar o conceito de eficiência energética, a capacitação aborda a aplicabilidade dele, e temas como mensuração de resultados, regulação e sustentabilidade.

CARDÁPIO DE VANTAGENS

Alista de benefícios relacionados à ampliação da eficiência energética é ampla e variada, e justifica a proeminência do assunto nas pautas locais, regionais, nacionais e globais. Confira alguns:

Economia de energia – melhorias na eficiência reduzem a quantidade de energia necessária para fornecer um serviço, e isso se conecta a muitos outros impactos econômicos, sociais e ambientais favoráveis.

Segurança energética – EE tende a reforçar a segurança energética regional ou nacional ao reduzir a demanda geral de energia. Nos casos aplicáveis, minimiza a dependência de importações de petróleo, gás e carvão, fontes mais poluentes e custosas.

Redução de preços – a eficientização pode permitir preços de energia mais baixos, reduzir a necessidade de adicionar infraestrutura para geração, transmissão ou distribuição e, ainda, aliviar a pressão sobre fontes de energia.

Acesso universalizado – o melhor desempenho é essencial para melhorar o acesso à energia globalmente, especialmente nas economias emergentes, onde a demanda cresce de maneira mais acelerada.

Saúde e bem-estar – a eficiência energética contribui para a criação de ambientes de vida saudáveis, com temperaturas, níveis de umidade, níveis de ruído e qualidade do ar aprimorados.

Qualidade do ar – um dos maiores riscos ambientais para a saúde humana pode ser mitigado via EE, a partir do uso de soluções otimizadas ou que se valem de combustíveis menos poluentes, como no setor de transportes.

Queda de emissões – conter as mudanças climáticas e as suas desastrosas consequências para a vida no planeta passa por estancar a liberação de gases do efeito estufa. A eficiência energética contribui para evitar tanto as emissões diretas da combustão ou consumo de combustíveis fósseis, quanto para minimizar as provenientes da geração de eletricidade.

Economia doméstica – reduzir o consumo de energia pode proporcionar uma renda disponível a mais a indivíduos e famílias, em razão de contas mais baixas a pagar e custos de vida mais baixos, seja em suas casas, seja com seus veículos, por exemplo.

Valorização de ativos – a eficiência energética pode aumentar o valor dos ativos para proprietários de casas, empresas e concessionárias. Além disso, estudos mostraram que propriedades com alta classificação de eficiência energética são vendidas por preços maiores.

Mais produtividade – EE pode proporcionar ganhos de produtividade por meio da redução dos custos de manutenção e aumento dos rendimentos por unidade manufaturada. Além disso, agrega melhorias na confiabilidade da operação e do processo.

Orçamento público – melhorar a eficiência energética em estruturas/equipamentos públicas pode trazer receitas e reduzir custos, com impactos sobre orçamentos e investimentos em áreas essenciais ou, ainda, atração de novos negócios.

Impactos macroeconômicos – EE impulsiona atividades econômicas, com efeitos positivos sobre os produtos internos brutos dos países, níveis de emprego, balanças comerciais e preços de energia.

Adaptado de: Link: Iea.org



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PROTAGONISMO

Mundo rumo à era da eletricidade

Demanda pelo recurso deve crescer 4% ao ano, de agora a 2027, com geração mais limpa e desafios de eficientização

Recentemente, o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), Fatih Birol, citou que, na história da energia, a humanidade testemunhou as eras do carvão e do petróleo, e que agora ela se encaminha para uma nova, a da eletricidade. A fala é alicerçada em dados, como os do relatório Electricity 2025, divulgado pela entidade. Nele, foi publicizada a estimativa de incremento médio de 4% ao ano na demanda pelo insumo no intervalo entre 2025 e 2027. Isso significa adicionar o equivalente à atual demanda japonesa por eletricidade a cada período. O indicador confirma a intensificação da tendência que se repete há anos, da trajetória global em direção a um cenário no qual a eletricidade será o principal tipo de energia empregada no planeta. De acordo com a mesma IEA, entre 2010 e 2023, enquanto a demanda por eletricidade avançou em média 2,7% ao ano, a de outros insumos aumentou 1,4%. A aceleração a partir de 2025, segundo a entidade, reflete o uso crescente e robusto do recurso na produção industrial, a disseminação de equipamentos de ar-condicionado, a expansão de data centers e a transição em setores como o de transportes. Marcelo Palavani, diretor da Divisão de Motion da ABB – líder global em motores e inversores de frequência, relata que a simples observação do cotidiano, mesmo em relação a comportamentos de consumo das pessoas físicas, permite constatar essa intensificação. “O celular, os eletrônicos de maneira geral, os carros, os eletrodomésticos, etc., ou seja, boa parte do que está ao redor de alguém, já é eletrificado”, exemplifica o executivo.

A chamada era da eletricidade tem, também, como característica a prevalência no uso de fontes renováveis, como a solar e a eólica, para sua geração. O relatório da IEA aponta, felizmente, que o crescimento do uso de alternativas de baixas emissões para produzir energia é suficiente, em conjunto, para cobrir todo o avanço na demanda global nos próximos três anos, e que a fotovoltaica, sozinha, deve atender aproximadamente metade dos novos requerimentos globais. Assim, as emissões de dióxido de carbono provenientes da geração, no planeta, devem estabilizar, após aumento de 1% em 2024. Quando do lançamento do referido relatório da IEA, Keisuke Sadamori, diretor de Mercados de Energia e Segurança da IEA, ressaltou que a nova era da eletricidade trará desafios para a garantia de um fornecimento seguro, acessível e sustentável do insumo. “Embora as economias emergentes e em desenvolvimento estejam prestes a impulsionar a grande maioria do crescimento na demanda global por eletricidade nos próximos anos, o consumo também deve aumentar em muitas economias avançadas após um período de relativa estagnação. Os formuladores de políticas precisam prestar muita atenção a essas dinâmicas de mudança”, disse o dirigente.

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Bruno Herbert, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), reforça que, em diferentes setores, há grande margem para melhorias, com modernização de equipamentos e processos – o que passa também por investimentos em digitalização e tecnologias inteligentes. Há, no entanto, obstáculos que distanciam pessoas e organizações dessas realizações. Um deles, destaca Bruno, é a falta de incentivos regulatórios, ou seja, há necessidade de políticas públicas mais agressivas para acelerar a EE. Outro aspecto sublinhado pelo dirigente da Abesco é a dificuldade para acesso a crédito, pois, apesar do crescente número de linhas de financiamento com foco em soluções “verdes”, ainda há dificuldades para contratá-las. A estes, soma-se outro contratempo, tão ou mais importante: o baixo engajamento de empresas e de consumidores com a causa da EE, uma vez que muitos ainda percebem a aplicação de recursos em eficiência energética como gasto, e não como um investimento de longo prazo. Um estudo feito no âmbito do PotencializEE, Programa de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável liderado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e coordenado pela agência alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), concluiu que os ganhos com eficiência energética poderiam resultar em uma economia de R$ 10 bilhões para o setor industrial até 2050. Marcelo, da ABB, lembra que a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê uma população mundial de aproximadamente 10 bilhões de pessoas em 2050, ante os cerca de 8 bilhões atuais. Isso, por si só, representará a necessidade de pelo menos dobrar a demanda por motores elétricos no mundo, equipamentos que estão entre os principais consumidores de eletricidade no planeta. “Se não elaborarmos e disponibilizarmos produtos altamente eficientes, gastaremos muito mais energia e isso exigirá muito mais também das fontes naturais”, explica o diretor. Estima-se que motores elétricos consomem mais de 45% da eletricidade mundial, e na indústria, respondem por aproximadamente 70% do uso do insumo. Paralelamente, estudos independentes apontam para o fato de que se os 300 milhões de sistemas acionados por eletricidade no mundo fossem substituídos por outros mais otimizados, esse requerimento poderia ser reduzido em 10%. A queda seria equivalente, portanto, a 90% do consumo anual de toda a União Europeia.

SOLUÇÕES

A ABB Motion trabalha justamente com foco em inovação e em tecnologias para contribuir com soluções acionadas por motor para uma ampla gama de segmentos industriais – ou seja, opções energeticamente eficientes, descarbonizantes e circulares. Dentre seus lançamentos há os motores síncronos de relutância (SynRM), cujo nível de eficiência é IE6, o máximo existente na classificação da União Europeia, a mais rigorosa do mundo. Sem ímã permanente entre seus componentes, a produção do equipamento evita a retirada de minerais magnéticos da natureza. Os motores apresentam o menor gasto energético da categoria, favorecendo a otimização dos custos e a redução de emissões de CO2 em operações industriais, sem prejuízo do desempenho.

Outra novidade originada pela ABB é o inversor de frequência híbrido solar ACQ80, aderente a sistemas de bombeamento de água, que viabiliza o abastecimento em regiões com limitações na oferta de eletricidade e em locais remotos. Na prática, isso significa que a solução é capaz de otimizar o uso da energia gerada pelos painéis solares para transportar a máxima quantidade de água possível, inclusive nos momentos de menor incidência de luz solar, quando, de forma automatizada, ela recorre à rede elétrica convencional para obter a energia necessária para complementar a operação.

A ABB tem registrado, entre seus clientes, cases de sucesso no que diz respeito a ganhos de eficiência. Na fábrica da Guapi Papéis, por exemplo, houve economia de 90% da energia elétrica a partir da incorporação de motores com desempenho superior acionados por drives que regulam o torque e a velocidade, medidos e controlados pelo Sistema de Controle Distribuído ABB Ability™ 800xA. Outro projeto de sucesso aconteceu na Saneamento de Goiás S.A. (Saneago), que atende, com água tratada e de esgotamento sanitário, 5,7 milhões de pessoas. A companhia adotou equipamentos da ABB que permitem o monitoramento remoto de drives, motores, bombas e rolamentos para melhorar a eficiência energética e a confiabilidade em estações de bombeamento, resultando em economia de 25% da energia elétrica.

Curiosidade: AUMENTO NA DEMANDA POR ELETRICIDADE ESTÁ SENDO ACOMPANHADO PELO CRESCIMENTO DE GERAÇÃO DE ENERGIA MAIS “VERDE”


ESCOLHAS

Aquisições inteligentes auxiliam na redução do consumo

A conta de luz sempre é motivo de atenção entre os consumidores nacionais, em razão da relevância do uso da eletricidade no dia a dia e pelo seu impacto nas despesas domésticas. Em 2023, a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace Energia) divulgou um estudo que revelou ser o Brasil a nação com o maior custo de energia elétrica residencial em relação à renda per capita entre 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mais recentemente, a Bulbe, empresa do setor de energia solar, publicou uma pesquisa que indica que oito em cada 10 brasileiros sentiram o aumento da fatura no próprio bolso durante 2024. A percepção certamente reflete o fato de que, no ano passado, houve períodos em que questões climáticas impactaram com força os boletos. No mesmo levantamento, os entrevistados foram consultados sobre medidas que adotariam para reduzir esse custo nos seus lares. A maior parcela dos respondentes (30,6%) afirmou que deseja economizar eletricidade, enquanto em segundo lugar, 24,8% declararam pretender investir em eletrodomésticos mais eficientes. Para a escolha desses aparelhos, mas também de outros, os consumidores nacionais têm um aliado no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que há poucos meses celebrou 40 anos. A iniciativa promove classificação e rotulagem relacionadas ao desempenho energético, mas também em relação a ruído e outros critérios que podem influenciar a escolha no momento da compra. O provimento das informações pretende fazer com que a decisão dos brasileiros no momento de adquirir um item não leve em consideração o preço unicamente, mas também aspectos como o de eficiência energética. Ademais, a ideia é, como reflexo dessa conscientização, estimular a competitividade na indústria e aprimorar processos de inovação e desenvolvimento tecnológico.

O PBE, em relação à eficiência energética, classifica os itens testados com letras de A (os mais eficientes) a C ou G (os com piores desempenhos, de acordo com a categoria avaliada). Desde 2001, cabe ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) estabelecer programas de avaliação compulsórios relacionados a diferentes categorias. Hoje, eles já são 26, que englobam 48 produtos. Dentre as categorias que há mais tempo são analisadas figuram os refrigeradores, os chuveiros e os motores elétricos, enquanto as mais recentemente incorporadas incluem sistemas fotovoltaicos, edificações e automóveis. No país, também os ares-condicionados, que estão entre os principais produtos responsáveis pelo incremento da demanda de energia no Brasil – e também no mundo – passam por avaliação e validação do PBE. Esses aparelhos, especificamente, os mais eficientes tendem a ter preços mais elevados, mas se pagam de forma relativamente rápida pela economia proporcionada no consumo, que pode chegar a 40%. Para facilitar as escolhas por parte dos consumidores, os produtos são etiquetados e as informações ficam disponíveis no Sistema PBE.

CONTROLE DO CONSUMO NA PALMA DA MÃO

Para não “ficar no escuro”, sem saber o que virá na próxima fatura de energia elétrica, consumidores podem recorrer a aplicativos e sites. Há calculadoras disponibilizadas, por exemplo, por empresas do setor elétrico. No site da Enel, usuários podem ingressar na página do Projeto Simulador de Consumo, em que eles selecionam cômodos e equipamentos, informam a potência e o tempo de uso dos aparelhos para obter a estimativa do consumo total. Ao final, ainda recebem dicas dos equipamentos mais eficientes do mercado, de acordo com o seu perfil de uso, sendo a leitura na conta de luz feita em quilowatt-hora (kWh).

No site do Museu Light da Energia está disponível um simulador desenhado para atrair a atenção especialmente do público infantil. Nele, o internauta pode navegar pelos diferentes ambientes de uma casa virtual, acrescentar os aparelhos que desejar em cada ambiente e fazer a conta ao estimar o número de horas em que eles estarão ligados, informando a potência de cada um.

Já o app da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) traz, entre outros, o recurso “Entenda sua conta”, no qual é possível selecionar a concessionária de energia, informar os patamares da bandeira atual e inserir a quantidade de consumo em kWh, conforme indicado no relógio medidor da residência. O aplicativo, então, apresenta uma estimativa de valor, detalhando os gastos por categoria: geração, transmissão, distribuição, encargos e impostos. É gratuito e compatível com os sistemas operacionais Android e iOS.


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MATRIZ

Brasil na vanguarda da transição global

Substituição de combustíveis fósseis como fonte avança e energia solar desponta nesse processo

Em fevereiro passado, durante visita ao Brasil, o diretor geral da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, sigla em inglês), Francesco La Camera, disse que o país, por ocupar com sua matriz elétrica majoritariamente renovável uma posição de liderança global, é estratégico para que o planeta alcance os objetivos de dobrar a eficiência energética e triplicar a capacidade de fontes renováveis como solar, eólica e hídrica. À Agência Brasil, o dirigente exaltou o acréscimo de mais de 9 gigawatts de energias renováveis à matriz nacional em apenas um ano. De fato, o país é cada vez mais protagonista no processo de mudança vivido no planeta. No ano passado, subiu à 12ª posição no Índice de Transição Energética (ETI), ranking divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, o que significa estar em primeiro lugar entre as nações emergentes e em terceiro entre as participantes do G20. Também no ano que recém findou, o Brasil foi o sétimo país que mais investiu em transição energética no mundo, segundo o relatório Energy Transition Investment Trends 2025, da BloombergNEF, com aportes de US$ 37,1 bilhões. A despeito desses importantes avanços, o país já se destacava pela matriz altamente sustentável, especialmente na comparação com outras nações. De acordo com a última edição do Balanço Energético Nacional (BEN), houve, por aqui, aumento expressivo da oferta de biomassa e emprego de fontes eólica e solar, e isso fez com que o Brasil aumentasse sua “renovabilidade” para 49,1% – participação muito superior à média observada no resto do mundo, que fica em torno de 15%. Quando o tema é eletricidade, insumo pelo qual a demanda cresce de forma vertiginosa, o indicador nacional sobressai ainda mais: nessa matriz, especificamente, a participação de renováveis alcançou 89,2%, resultado da manutenção da oferta de energia hidráulica, do crescimento das gerações eólica e fotovoltaica e da redução no emprego de gás natural e derivados de petróleo.

Se o Brasil já é tido como um dos principais atores na agenda global de combate às mudanças climáticas, aparentemente a condição não diminuiu sua ambição por ampliar esse protagonismo. Na 29ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29), realizada no Azerbaijão no final de 2024, o país se comprometeu em reduzir entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2035, em comparação aos níveis de 2005, o que passa diretamente por avanços na originação limpa de energia.

Imagem divulgação - oliverdelahaye
ADAPTAÇÃO

Quando o tema pautado é o da transição energética, o que sobressai são as evidências das contribuições que ela pode – e precisa – dar para a redução de emissões de gases poluentes, necessária para frear as mudanças climáticas. Esse, sem dúvida, é aspecto da mais alta relevância, mas não o único. A diversificação das fontes de geração de energia é importante por diversos outros fatores, incluindo o de ampliar a segurança energética, ou seja, tornar governos, organizações e populações menos suscetíveis a conflitos regionais e tensões geopolíticas, ou ainda minimizar riscos de restrições de geração – por exemplo, em virtude de períodos de estiagem cada vez mais frequentes, que afetam diretamente a geração em hidrelétricas. Pesquisadores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já alertaram sobre os riscos de as mudanças climáticas comprometerem os sistemas elétricos, incidindo na interrupção do fornecimento, com perdas econômicas, e na precarização da saúde e da segurança das populações. Tempestades severas, enchentes, incêndios florestais e secas trazem vulnerabilidades à geração, transmissão e distribuição de energias. Eventos extremos têm afetado, com relativa frequência, mas de forma substancial, o abastecimento energético em cidades brasileiras, como a de São Paulo. Diante disso, empresas do setor elétrico e seus fornecedores buscam soluções que garantam resiliência e estabilidade a redes e instalações. Marcelo Mendes, diretor geral da KRJ, companhia que atua no segmento de conectores, diz que as ocorrências climáticas com severas proporções têm sido consideradas no desenvolvimento de produtos. “Quando uma grande parte de residências fica sem energia, é preciso desligar o sistema para intervir na rede elétrica, religar e reinstalar diversos acessórios. Considerando este fato, desenvolvemos soluções para o segmento de distribuição que possibilitam conduzir operações na rede elétrica sem a necessidade de desligamento, com segurança, agilidade e ganho de tempo na retomada do fornecimento”, explica. Entre essas soluções estão o dispositivo de aplicação a distância do conector perfurante de média tensão para redes protegidas até 25kV, modelo KARP, o conector de 4 derivações modelo KATRO e o conector KSE K4 para painéis fotovoltaicos. Marcelo coloca em evidência esse último, que, com tecnologia de produção avançada e componentes de alta qualidade, evita falhas de conexão e danos aos condutores, mantendo a integridade do sistema mesmo sob condições extremas, o que resulta em confiabilidade e economia.

EFICIÊNCIA

Para especialistas, os ganhos em relação à transição precisam ser acompanhados pelos avanços em eficiência energética, pois a simples previsão de crescimento populacional indica que haverá um aumento de demanda ano após ano. No Brasil, por exemplo, a projeção feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é de que o uso de energia crescerá em média 2,1% ao ano até 2034. Felizmente, os estudos da entidade estimaram que, em 2034, os ganhos de eficiência energética representarão o equivalente a 6,7% do consumo final observado em 2023. A otimização interfere positivamente ao eliminar a necessidade de ocupar novos espaços para a produção de energia, reduzir a pressão sobre as fontes existentes e, simultaneamente, fazer decrescer ou garantir o atendimento à demanda. Por exemplo, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), carros, caminhões e aeronaves mais eficientes reduzem a necessidade por petróleo no setor de transportes; a fabricação mais qualificada de aço, cimento e produtos químicos minimiza o uso de combustíveis fósseis na indústria; e o melhor isolamento e eletrodomésticos mais eficientes ocasionam queda no consumo energético em habitações e outras edificações, resultando em menores impactos ambientais, contas de energia mais baratas e maior segurança energética para todos.

CARROS ELÉTRICOS, QUE MINIMIZAM EMISSÕES, CONQUISTAM O PAÍS

Os brasileiros também estão a surfar a onda de veículos elétricos, que toma corpo globalmente. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o país terminou 2024 com 177.358 unidades leves emplacadas de janeiro a dezembro, ou 89% acima dos 93.927 de 2023. Os dados incluem 3.828 micro-híbridos, lançados no mercado nacional no último trimestre do ano passado. A eles somam-se os BEV (100% elétricos), os PHEV (híbridos plug-in), os HEV (híbridos puros) e os HEV Flex (híbridos a gasolina/álcool). O avanço nas vendas aconteceu tanto nas capitais como em localidades do interior, e o estado de São Paulo continuou na liderança, com 32% das transações totais de 2024 (56.819), seguido pelo Distrito Federal (16.061), Rio de Janeiro (12.841), Paraná (12.056) e Santa Catarina (11.500). Paralelamente, cresceu a necessária infraestrutura de recarga. Em fevereiro, o número de eletropostos no Brasil alcançou 14.827, dentre públicos e semipúblicos, segundo a Tupi Mobilidade, o que significa que 1.363 municípios brasileiros contam com esse recurso.

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FOTOVOLTAICA

Estrela também no sistema energético

Sol desponta como opção de geração limpa, e no Brasil já representa a segunda principal fonte

A geração hídrica ainda é a que ocupa mais espaço na matriz elétrica nacional, mas a participação da fotovoltaica avança consideravelmente a cada período, a ponto de ela já ser, atualmente, a segunda maior fonte de geração do país, segundo informações da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). “A produção de energia solar tem se mostrado uma tendência irreversível e acessível a comércios, indústrias e moradores residenciais”, declara Marcelo Mendes, diretor geral da KRJ, empresa do ramo de conectores elétricos. Ele acrescenta que o Brasil é líder no mercado do segmento na América Latina, com potencial para se tornar um dos principais players globais nos próximos anos. A demanda pela alternativa fotovoltaica, além de proporcionar economia aos consumidores, tem impactos importantes na preservação de recursos naturais e nos processos de descarbonização em diferentes atividades e setores. De acordo com a ABSOLAR, o setor de energia já atingiu a marca de 53 GW de capacidade instalada, o que corresponde a 21,9% da matriz brasileira. O mapeamento considera o somatório dos sistemas de micro e minigeração distribuída e das grandes usinas solares, representando um crescimento de mais de 40% em relação aos 37,2 GW existentes no mesmo período do ano passado. Desde o início de sua expansão, a fonte fotovoltaica já foi responsável por atrair R$ 245,1 bilhões em investimentos ao país, pela arrecadação de R$ 76 bilhões em impostos, pela criação de cerca de 1,6 milhão de empregos e por evitar a emissão de 65,6 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Marcelo, da KRJ, ressalta que a previsão é de cerca de R$ 50 bilhões em novos aportes em energia solar no Brasil apenas em 2025, o que deve viabilizar um novo salto na geração. O executivo atribui parte dessa expansão ao fato de que governos de vários países têm estabelecido políticas de incentivo à energia solar, com a criação de programas de subsídios e a implementação de incentivos fiscais, bem como aperfeiçoamento de regulações. “Isso tem motivado empresas e consumidores a realizarem investimentos em painéis solares e outras tecnologias de geração fotovoltaica”, diz ele, que coloca em destaque a Lei 14.300/2022, conhecida como Marco Legal da Geração Distribuída.

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CIÊNCIA

A revista Nature Scientific Reports divulgou, no final de 2024, um estudo inédito sobre os impactos das mudanças climáticas na geração de energia solar no Brasil, liderado por Fernando Ramos Martins, docente do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e conduzido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O trabalho projeta que, nas próximas décadas, a maior parte do território brasileiro terá um aumento na disponibilidade de energia solar entre 2% e 8%, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. As variações nas diferentes áreas do país são consistentes com outros estudos sobre mudanças climáticas, que apontam para aumento da precipitação no Sul e redução no Norte. A investigação indica, ainda, ampliação da energia solar nos meses mais secos do ano, o que pode reduzir a vulnerabilidade nacional em relação às hidrelétricas, que sofrem com baixos volumes de água nos reservatórios durante períodos de estiagem prolongados. Os pesquisadores sugerem que o Brasil deva considerar a geração híbrida – combinando energias solar e eólica – em regiões onde está prevista queda na produtividade fotovoltaica, como no litoral nordestino e no Sul, mas alertam que o impacto econômico das variações na incidência solar precisa ser avaliado cuidadosamente. Os resultados fornecem subsídios importantes para a formulação de políticas públicas que promovam o uso sustentável da energia fotovoltaica e aumentem a resiliência do sistema elétrico às mudanças climáticas.

ESTÍMULOS FEDERAIS ÀS FONTES RENOVÁVEIS

Em agosto do ano passado, o Governo Federal lançou a Política Nacional de Transição Energética (PNTE), que prevê investimentos de até R$ 2 trilhões para os próximos 10 anos. Um dos principais pilares dessa iniciativa é o Plano Nacional de Transição Energética (Plante), que estabelece distintas ações de longo prazo voltadas à descarbonização e ao desenvolvimento econômico sustentável, tais como: expandir a participação de fontes de energia renováveis na matriz energética brasileira; promover o uso eficiente da energia em todos os setores da economia; incentivar a produção e o uso de combustíveis de baixo carbono; estimular a pesquisa e inovação em tecnologias limpas e garantir que a transição energética seja socialmente justa, criando oportunidades de emprego e qualificação profissional para as comunidades impactadas. Mais recentemente, em janeiro deste ano, foi sancionada a Lei 15.103, que institui o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), facilitando o acesso a crédito para empresas que possuem valores a receber da União, como precatórios e créditos tributários, para financiamento de projetos ligados à transição energética. O Fundo Verde, criado por essa lei e administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), será a base desse financiamento.


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INICIATIVAS

Busca por eficientização engloba do macro ao micro

Diferentes setores investem no aumento e diversificação de projetos voltados a soluções em EE

O tema de eficiência energética (EE) hoje pauta a agenda de governantes e gestores (públicos e privados) interessados justamente nas benesses que podem ser alcançadas por meio dela. As frentes em que se pode atuar em favor da EE são tão variadas quanto os projetos que surgem, dedicados a torná-la cada vez mais presente na vida de todos. Em relação à eletricidade, que em breve deve converter-se no principal recurso energético empregado no mundo (leia mais à página 4), nacionalmente um apoio fundamental à evolução no seu uso otimizado se dá por meio dos investimentos, previstos em lei, feitos pelas concessionárias do setor de energia. A regra vigente no Brasil determina às empresas a destinação de parcela de sua receita operacional líquida em programas de EE.

Os impactos dessa determinação têm atravessado, positivamente, a vida de milhões de brasileiros, ao viabilizar o patrocínio a iniciativas que ganham projeção até mesmo internacionalmente. É o caso do projeto CPFL nos Hospitais, conduzido pela companhia nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul desde 2019, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como exemplo de boas práticas relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Até o momento, a iniciativa recebeu investimentos superiores a R$ 279 milhões e proporcionou economia de energia de 65 GWh a hospitais públicos e instituições de saúde beneficentes atendidos. Como consequência, mais de 6 mil toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas na atmosfera – volume equivalente ao plantio de mais de 37 mil árvores, segundo a empresa.

Essas conquistas são viáveis a partir de trabalhos de diagnóstico realizados pela CPFL para identificação de oportunidades de eficientização, seguidos da aplicação de mudanças e soluções que reduzam o consumo, como a instalação de usinas fotovoltaicas e centrais de refrigeração eficientes. “Paralelamente a essas atividades, o Instituto CPFL conduz iniciativas de humanização, melhorias de infraestrutura e de fomento à pesquisa nas instituições”, amplia Walter Barbosa Júnior, gerente de EE da empresa, que também possibilita a seus clientes, se desejarem, a realização de doações por meio de suas contas de luz.

No final de 2024, a companhia anunciou um conjunto de ações em favor de comunidades do Rio Grande do Sul que ainda se recuperam da maior tragédia climática vivida por aquele estado. A primeira delas, Grande Relevância em Hospitais, beneficiará 40 estabelecimentos de saúde, que atendem pessoas de 24 municípios, com sistemas fotovoltaicos, lâmpadas LED, geradores de emergência e melhorias nas entradas de energia, em um investimento de R$ 23,7 milhões. A segunda, direcionada a consumidores residenciais, prevê a destinação de mais de R$ 22 milhões a reformas de 1 mil padrões de entrada, instalação de 2 mil trocadores de calor (chuveiros inteligentes), doação de 20.000 lâmpadas LED e entrega de 2,5 mil geladeiras. Adicionalmente, as distribuidoras COPEL, CEMIG e ENEL subsidiarão, por meio de seus recursos do Programa de Eficiência Energética, outros 2 mil refrigeradores. O terceiro projeto é o Grande Relevância em Escolas Públicas, que destinará R$ 4,2 milhões à entrega de lâmpadas LED, refrigeradores, freezers e ares-condicionados a 100 educandários e entidades filantrópicas.

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ILUMINAÇÃO – Atitudes como as da CPFL ajudam o poder público a gerir melhor a energia e a investir os valores economizados em outras áreas essenciais às populações. Com essa mesma lógica, muitos municípios vêm se empenhando para tornar suas localidades mais “inteligentes”. Eficientizá-las significa, ainda, aumentar a disponibilidade de energia com qualidade e segurança para pessoas e negócios, mitigar riscos e vulnerabilidades climáticas e atrair investimentos. Um dos focos dos prefeitos tem sido a iluminação pública (IP), que, de acordo com o Banco Mundial, responde por mais de 4% do consumo total de energia elétrica do país e compromete entre 3% e 5% do orçamento das cidades. O Brasil conta, hoje, com 22 milhões de pontos de IP instalados, dos quais apenas 19,6% utilizam tecnologia LED, a mais eficiente. Esses indicadores foram apurados pela Associação Brasileira das Concessionárias de Iluminação Pública (ABCIP), em parceria com a Secretaria Especial do Programa de Parcerias e Investimentos da Casa Civil da Presidência da República (Seppi), e estão presentes no recém-lançado Censo da Iluminação Pública no Brasil – Base 2023. O documento aponta que o consumo de energia do parque de IP em 2023 foi de 14.482 GWh, mas que, se todos adotassem a tecnologia LED, seria possível reduzir a conta de luz das cidades entre 25,6% e 70,9%, além de minimizar as emissões de CO2 em até 61,5%, sem considerar as tecnologias de telegestão.

Uma das estratégias mais recorrentes adotadas por gestores municipais para aumentar a eficientização nos pontos de IP é a criação de parcerias público-privadas. Ao final de 2024, esses contratos já estavam ativos em pelo menos 138 cidades, com expectativa de avançar para pelo menos 800 em curto espaço de tempo. Esses acordos representaram R$ 27 bilhões para a modernização e operação dos sistemas de IP, viabilizando a substituição de 4,2 milhões de lâmpadas ineficientes por LEDs, de acordo com a ABCIP. Atenta ao cenário, a Associação Brasileira da Indústria da Iluminação (Abilux) criou um Manual de Defesa dos Municípios na Iluminação Pública – Aquisição de Luminárias LED, direcionado a gestores públicos e técnicos especializados, que orienta sobre os processos de avaliação e comprovação da conformidade nas aquisições. “No setor de iluminação, temos nos dedicado às inovações na tecnologia LED, que trouxe significativos benefícios quanto à eficiência energética e à cultura do controle da iluminação com o advento das cidades e prédios inteligentes, em que ela é monitorada e aplicada conforme as necessidades do momento”, explica Marco Poli, diretor Executivo da Abilux. Esse é apenas um exemplo da atuação da entidade em prol do setor – que congrega mais de 500 empresas nas cadeias produtivas de luminárias, lâmpadas e controladores – e da criação de uma cultura de eficientização no país. “Devemos olhar para a eficiência energética de forma abrangente e lembrar que há várias maneiras de aprimorá-la, como, por exemplo, por meio da automação e programação das instalações de iluminação, propiciando seu uso sob demanda ou a modulação da intensidade luminosa (dimerização). As indústrias vinculadas à Abilux estão aptas a atuar tanto na iluminação pública quanto na interna (residências, escritórios, indústrias, etc.)”, garante Marco.

Curiosidade: EM APENAS 19,6% DOS PONTOS DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA A TECNOLOGIA LED JÁ ESTÁ PRESENTE.




*Conteúdo produzido pela Point e publicado no jornal Folha de S.Paulo em 05/03/2025



Projeto e comercialização: Point Comunicação e Marketing

Redação: Karina Landi, Lucas Medeiros

Edição: Gustavo Dhein

Layout e editoração eletrônica: Manolo Pacheco / Sergio Honorio


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